Banhos de Alfama e outros achados arqueológicos

Sabe qual é o significado árabe de Alfama?  Este bairro era uma das zonas onde desaguavam águas termais, um ambiente perfeito para banhos públicos. Um projeto de mestrado na NOVA FCSH procura dar a conhecer parte do contributo da arqueologia nesta zona da capital.

É a palavra “banhos” que dá o significado ao topónimo Alfama, o bairro histórico de Lisboa, que deriva do árabe hammam. O nome atribuído a esta zona tinha uma razão: era nesse sítio que as águas de nascente termais, quentes e frias, se encontravam. Por esta razão, o nome Alfama acabou por batizar uma das portas da Cerca Velha ou Cerca Moura, a muralha que delimitava a cidade de Lisboa.

Até ao século XIV, a  muralha da cidade era a  sua única defesa.“Os trabalhos arqueológicos mais recentes vieram provar que alguns dos seus alinhamentos remontam ao período Romano”, escreve Maria Inês Noivo no projeto de Mestrado (2010) em Práticas Culturais para Municípios da NOVA FCSH. No início do século XX, em 1910, esta construção seria classificada como Monumento Nacional, designada como “Castelo de S. Jorge e restos das cercas de Lisboa”.

A arqueologia em Lisboa começou a ganhar interesse ainda no século XVIII, quando se descobriu um templo, em 1749, na Rua das Pedras Negras, na Baixa. Após o terramoto de 1755, o entusiasmo aumentou, pois o que ficou à vista permitiu a identificação de novos edifícios. Entre eles estavam construções romanas como as Termas dos Cássios, em 1770, e as Termas da Rua da Prata, designadas como criptopórtico, em 1773. Na mesma rua, anos mais tarde, em 1783, seria ainda descoberto um teatro romano.

Já na segunda metade do século XX, em 1960, Irisalva Moita foi a responsável pela descoberta das ruínas do antigo Hospital Real de Todos-os-Santos, na Praça da Figueira, aquando da escavação do túnel para a estação do metropolitano do Rossio. Até aos anos 90  a atividade arqueológica em Lisboa tinha um caráter pontual: “Só nesta altura, a um ritmo sempre crescente, é que se verificam sistematicamente intervenções de emergência ou salvamento, de prevenção ou mesmo de investigação científica”, aponta a autora do projeto.

À Câmara Municipal de Lisboa não passaram despercebidos estes fenómenos e atualmente o serviço municipal de Arqueologia funciona no Museu de Lisboa. Desde os anos 2000 que as escavações e os trabalhos arqueológicos são acompanhados por este serviço.

Fotografia: Vista panorâmica sobre Alfama no Miradouro de Santa Luzia (1890). Créditos: Arquivo Fotográfico de Lisboa

Escrito por
Ana Sofia Paiva
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