A Lisboa das Mulheres

Durante quase uma década (1999-2008), a revista Faces de Eva, da NOVA FCSH, organizou por freguesias a toponímia no feminino da cidade: de bairros e avenidas a praças e becos. A série “Lisboa no feminino” conta as histórias que esses nomes revelam.

A fonte para este levantamento por freguesias foi o Gabinete de Estudos Olisiponenses. Do total de quase cinco mil topónimos, inventariados em finais dos anos 1990, pouco mais dez por cento eram nomes femininos. Muitos desses nomes não tinham sido aprovados por deliberação camarária ou edital do governo civil. No seu conjunto, estas designações populares representavam mais de quarenta por cento dos topónimos femininos encontrados.

Quase dez anos depois, em 2008, o último número desta série da revista Faces de Eva concluía que as freguesias com maior presença de toponímia no feminino eram as de recente expansão urbanística ou vincadamente populares: Lumiar (39 referências), Ajuda (30), Marvila (29), Benfica (25), Graça (24), Alcântara e Carnide (23 cada), e Campolide (22).

As quatro principais categorias de figuras femininas sinalizavam diferentes posições sociais:

  • as figuras populares e anónimas lideravam em número (239), e estavam concentradas em designações mais associadas a espaços antigos (quintas), caminhos rurais (azinhagas) ou humildes (pátios e vilas); encontravam-se sobretudo nas freguesias do Beato, Campolide, Lumiar e Santo Condestável (hoje parte da freguesia de Campo de Ourique);
  • as figuras religiosas vinham em segundo lugar (as 139 designações estavam espalhadas por 43 das 53 freguesias da cidade);
  • o terceiro lugar era ocupado por 129 mulheres com actividade profissional, ligadas à literatura, ao teatro, ao ensino e à música, presentes em zonas de urbanização recente, em freguesias como Benfica, Carnide, Lumiar ou Marvila;
  • em número mais reduzido (51) reunia-se toponímia que invocava rainhas e figuras da nobreza; situadas em freguesias dos limites da cidade, evocavam zonas escolhidas, em tempos, para construção de quintas reais ou casas nobres.

Este trabalho de compilação da toponímia no feminino por freguesias da cidade de Lisboa foi organizado por uma equipa de investigadoras de Faces de Eva, composta por Benilde Abegão, Ema Baptista, Irene Tomé, Maria do Céu Borrêcho, Marília Viterbo de Freitas e Virgínia Dias,

As 53 freguesias de Lisboa passariam a 32 em 2012. Com base nessa reestruturação por freguesias, estudantes da licenciatura de Ciências da Comunicação da NOVA FCSH reorganizaram esse levantamento sobre ruas e avenidas com nomes de mulheres. Pode encontrá-las na margem direita do site, agrupadas na categoria Lisboa no feminino, em Temas de Lisboa.

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