Atentado ao 28 da Carris

O título de uma carta de uma leitora publicada no Diário de Notícias em 2007 utilizava uma palavra forte para descrever os problemas de circulação do elétrico 28 a caminho dos Prazeres.

O relato da experiência de Bárbara Vilar num passeio a bordo do elétrico 28 valeu-lhe a publicação na secção Tribuna Livre, espaço consagrado à correspondência dos leitores do Diário de Notícias, em fevereiro de 2007.

Tirei folga para acompanhar um casal de amigos ingleses de visita a Lisboa. De tarde, e como o tempo estava chuvoso, demos um passeio no eléctrico 28 até aos Prazeres. Entrámos às 14.50 no Largo do Chiado. A viagem terminou rápida e abruptamente cinco minutos depois. A falta de civismo de um automobilista que estacionou a sua viatura num local de estacionamento proibido na Rua dos Poiais de São Bento não permitiu ao 28 passar. A condutora do eléctrico avisou a central da Carris, que por sua vez chamou o reboque da polícia. E ali ficámos todos na expectativa da chegada das autoridades. Passou uma hora e nem estas nem reboque apareceram.

Na sua carta, a leitora sugeria que a Câmara Municipal de Lisboa realizasse, em conjunto com a Carris, um estudo urbanístico para mitigar o problema, rematando: E não podemos também continuar a incentivar os turistas a utilizar o eléctrico 28 quando, demasiadas vezes, tudo o que lhes podemos oferecer é apenas um quadro lamentável da falta de civismo dos lisboetas e da inoperância das autoridades da cidade.

O desabafo e a proposta de ação desta leitora são recordados por Marisa Torres da Silva, do departamento de Ciências da Comunicação da NOVA FCSH, que analisou as cartas dos leitores enviadas para o Diário de Notícias, Expresso, Visão e Metro, em períodos diversos de 2007 e 2008, na sua tese de doutoramento (2010) publicada em livro (2014).

As cartas dos leitores são, ainda hoje, um espaço importante dos jornais enquanto locais de exercício da cidadania, fórum de debate sobre temas de relevância pública, arena de propostas e de sugestões, e, eventualmente, de inserção de novos tópicos de discussão na própria agenda dos media, afirma a investigadora. A sua pesquisa concluiu que os temas “Ética, Direitos Civis e Humanos” (21%) e “Política nacional” (19%) foram os que mais mobilizaram os leitores no envio de cartas durante os períodos analisados.

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