A arte colonial portuguesa (objetos artísticos híbridos resultantes da experiência ultramarina portuguesa) tem sido trabalhada no âmbito das coleções nacionais e da história das instituições museológicas que as conservam. Investigadora da NOVA FCSH avança com uma proposta.
Uma estante de altar produzida no Japão ou um sacrário e uma escultura do Menino Jesus que saíram das oficinas da Índia, são algumas das peças que compõem a amostra proposta por Carla Alferes Pinto na sua tese de doutoramento em História de Arte (2014). Um contributo para a reflexão sobre o que é e o que pode ser a criação de uma coleção classificada como arte colonial dos séculos XVI e XVII, selecionada entre o património móvel ancestral da Igreja Católica Portuguesa.
A Igreja Católica é a maior detentora de património artístico em Portugal. Por isso, a investigadora partiu da análise do inventário artístico do Patriarcado de Lisboa (criado em 1964), onde coexistem peças litúrgicas e objetos do quotidiano, alguns deles representativos da presença portuguesa na Ásia. Esse inventário serviu de base para a seleção do que seria uma potencial coleção de arte colonial. Elaborar o inventário exigiu a deslocação de Carla Alferes Pinto às igrejas que pertencem à Diocese de Lisboa de maneira a atualizar e a completar a informação e localização das peças.
Deste trabalho resultaram algumas constatações relevantes para a história de Lisboa e do seu património: alguns objetos desapareceram (uns roubados, outros não foram localizados). Esta constatação deve servir como uma alerta para a importância da inventariação e salvaguarda do património móvel da Diocese de Lisboa, destaca a investigadora.
Afinal, quanto melhor se inventaria, quanto mais se conhece, mais se descreve, mais se partilha, mais nos pertence, e menores possibilidades damos a quem quer que o que está a disposição da fruição de todos, passe a ser da posse de apenas alguns.
Legenda da imagem: cofre de madrepérola (Tesouro-Museu da Sé de Lisboa), in Carla Alferes Pinto.