Há música militar nos azulejos de Lisboa

Sabia que um dos maiores conjuntos de azulejos com representações de música militar se encontra no Palácio Fronteira, em Lisboa? Luzia Rocha, investigadora da NOVA FCSH, identificou mais de 30 motivos nos painéis que revestem a Sala das Batalhas.

Dar o sinal para o avanço das tropas, formar o batalhão, iniciar a marcha, fazer continências, anunciar a hora de recolher ou uma chegada. A música em contexto militar teve um papel fundamental no desfecho da Guerra da Restauração (1640-1668) e está representada nos painéis de azulejos que revestem a Sala das Batalhas do Palácio Fronteira, em Benfica.

O Palácio Fronteira ou dos Marqueses de Fronteira foi mandado construir por D. João de Mascarenhas, 1.º Marquês de Fronteira, no terceiro quartel do século XVII. É conhecido pela sua riqueza azulejar na Sala dos Painéis Holandeses, na Galeria das Artes e no ex-libris do edifício, a Sala das Batalhas.

Os oito painéis de azulejos que revestem a sala narram a história de oito batalhas da Guerra da Restauração, na qual Portugal recuperou a soberania. Todos contêm representações da música militar e do uso real dos instrumentos musicais em contexto de guerra. Luzia Rocha identifica neste artigo (2015) 30 trombetas retas, três tambores unimembranofones e um tambor com bordão. Os azulejos, a azul e branco, são de origem nacional e datam do século XVII.

Rápido na emissão sonora e com volume para trespassar campos de batalha, a trombeta reta, podendo ser tocada a pé ou a cavalo, é o instrumento militar por excelência, sublinha a investigadora do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical da NOVA FCSH. A sua representação intensiva e sistemática nos azulejos e em cenas de batalhas nacionais mostra a preferência dos militares portugueses por este instrumento entre os séculos XVI e XVIII, à semelhança do resto da Europa.

Escrito por
Dora Santos Silva

Professora do Departamento de Ciências da Comunicação da NOVA FCSH. Coordenadora editorial do +Lisboa.

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