Sabia que a zona envolvente do Campo Mártires da Pátria não foi prejudicada pelo terramoto de 1755? Este acontecimento mudou a face da Colina de Santana transformando-a na “Colina da Saúde”, refere uma investigadora da NOVA FCSH.
Antes da atual pandemia, Lisboa foi assolada por diversos surtos de doenças, que até levaram à construção de dois cemitérios na cidade. Gonçalo Antunes, investigador da NOVA FCSH, revela algumas das consequências destas epidemias para a capital.
A gripe espanhola, uma das grandes epidemias do século XX, provocou os piores dias nos cemitérios de Lisboa no outono de 1918. Uma investigação da NOVA FCSH revela, contra as divulgações da época, que foram os pequenos burgueses e o operariado os mais atingidos por esta gripe.
As crises epidémicas de cólera e febre amarela provocaram, entre 1856 e 1857, a morte de seis mil lisboetas. O contágio atingiu zonas e grupos sociais normalmente poupados a epidemias, o que obrigou a cidade a agir.
Nas primeiras décadas do século XVIII, Lisboa lutava contra as epidemias através de uma estratégia higienista que incluía um novo sistema de limpeza, saneamento urbano e alargamento das ruas. Contudo, o Terramoto de 1755 trocaria as voltas à cidade.
Entre 1733 e 1833, imperou em Lisboa uma estratégia higienista, apenas interrompida pelo Terramoto de 1755. O caso era sério: a cidade era assolada por todo o tipo de surtos epidémicos, que se multiplicavam com facilidade.
Os índices de mortalidade quotidiana na Lisboa moderna eram elevados – cerca de 30 por cada mil pessoas anualmente –, mas a cidade continuava a crescer devido aos intensos fluxos migratórios. A morte chegava a todos. Porém, de forma desigual.
“Enterrar os mortos e cuidar dos vivos”, frase que terá sido proferida por Marquês de Pombal após o terramoto de 1755, levou um investigador da NOVA FCSH a uma questão: como foi então a resposta da medicina à maior catástrofe natural em Lisboa?
O senso comum associa a lepra a histórias de segregação, confinamento forçado em leprosarias e total isolamento. Mas terá sido mesmo assim na Lisboa medieval?
Nas primeiras três décadas do século XX são férteis os relatos de escritores e da imprensa dos indigentes de Lisboa. É também nesta altura que se multiplicam as iniciativas assistenciais públicas e privadas a este grupo carenciado.