A oportunidade do terramoto de Lisboa

“Sábado, festa de Todos os Santos, às dez horas de França, surpreendeu-nos um terramoto que destruiu Lisboa em oito minutos. Acendeu-se logo o fogo, que queimou muitíssimas casas, e passando de uma a outra percorreu toda a cidade…”

A descrição pertence a Núncio Apostólico, numa carta enviada três dias depois do terramoto que assolou Lisboa a 1 de novembro de 1755. Este não é, porém, o único relato recuperado por Margarida Acciaiuoli, da NOVA FCSH, no livro “Casas com Escritos – Uma História da Habitação em Lisboa” (Ed. Bizâncio, 2015). Outros relatos verbais, na maior parte imprecisos,  e visuais enumeram os estragos em palácios, conventos e casas dos Bairros de Alfama, Limoeiro, Ribeira, Rossio e parte do Bairro Alto.

Esta catástrofe natural foi, no entanto, uma oportunidade para Sebastião José de Carvalho e Melo, primeiro Conde de Oeiras e Marquês de Pombal, redesenhar a cidade. A reconstrução de Lisboa seria feita totalmente de raiz, abolindo os velhos traçados, arrasando ruínas e alargando a cidade mais para ocidente. Nasceram prédios de habitação coletiva, novos modelos de casas que transformaram Lisboa numa cidade de inquilinos e de “escritos” nas janelas, sinónimo de casa para alugar.

Este é o ponto de partida de Margarida Acciaiuoli, que traça neste livro a história e as estórias da habitação de Lisboa, desde o terramoto que a abalou até ao século XXI.

Legenda da imagem: fragmento da planta de Lisboa, anterior ao terramoto de 1755, de Jorge Bráunio. Fotografia de Eduardo Portugal (Arquivo Fotográfico de Lisboa).

Escrito por
Dora Santos Silva

Professora do Departamento de Ciências da Comunicação da NOVA FCSH. Coordenadora editorial do +Lisboa.

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