Há 25 anos, Amália Rodrigues, José Saramago, Jorge Amado, Jorge Sampaio, Pinto Balsemão e Mário Soares falavam sobre a sua ligação à cidade, num compacto-disco interativo (CD-I). Hoje, o labor e a tecnologia conseguiram trazer estes depoimentos para a Internet. Pode ouvi-los aqui.
Depoimentos de figuras públicas sobre Lisboa constituíram uma das primeiras produções multimédia do CITI – Centro de Investigação em Tecnologias Interativas da NOVA FCSH. Esta produção cultural, arrojada para a época, seria o segundo volume de uma coleção denominada “Retratos de Cidades”, logo atrás de Veneza. A solicitação e comercialização eram da responsabilidade da Philips, a empresa que, dois anos, em 1991, tinha lançado no mercado o primeiro leitor deste novo tipo de discos.
No ano seguinte, em 1994, Lisboa seria capital europeia da cultura e a edição vinha a propósito desse potencial interesse pela cidade portuguesa.
Cada um dos seis breves depoimentos acrescenta algo de seu às referências comuns – à luz, às colinas, ao Tejo – com que todas expressam a sua ligação e à cidade. Como se refere na capa do CD-I, são “seis estilos diferentes para exprimir a mesma paixão por Lisboa”.
Em Jorge Sampaio, então presidente da Câmara, está presente a intervenção na autarquia. Mário Soares, então em segundo mandato como presidente da República, fala da relação da cidade com o país.
Onde o fundador do Expresso e da SIC, Francisco Pinto Balsemão, acentua o cosmopolitismo e o ser “ponto de encontro”, a fadista Amália Rodrigues refere com calor as vielas de Alfama, as marchas populares e outras marcas da cidade.
O escritor português José Saramago destaca o “tesouro infinito” das memórias literárias das “muitas Lisboas”, e o escritor brasileiro Jorge Amado brinda-nos com um poema sobre a cidade que é ‘porto de partida e ponto de chegada’.
A estes seis depoimentos recuperados para a internet com o apoio de programadores, juntavam-se no CD-I original outros depoimentos que não foi possível recuperar. Explica Carlos Correia, fundador e coordenador do CITI até 2016, que “hoje é economicamente inviável verter para HTML 5 todo o disco, que foi programado em ‘Balboa’ há 25 anos.”