O projeto Atlas das Paisagens Geográficas leva-nos numa viagem por Lisboa na literatura dos séculos XIX e XX.
“É Bairro Azul, Madragoa / Defeitos e qualidades / Tudo tem esta Lisboa”, cantava Amália Rodrigues no seu fado das Tamanquinhas. “É incrível que haja lisboetas desconhecendo a sua cidade!”, condenava Mário de Almeida, em A cidade-formiga (1918), revelando o seu fascínio por Alfama: “Que formidável depurativo é a noite, na cidade! Alfama adormecida, offegando nas baiucas onde vivem e grulham a pústula e a miséria, tem, de madrugada, uma alma branca e limpida. Quando acorda é sórdida; no somno fazme lembrar a candidez ingénua d’uma tela de primitivo perdida n’um convento de Fiésola”.
Do café Nicola, no Rossio, ao El Corte Inglés, na Praça de Espanha, a literatura do século XIX e XX é fértil na representação de Lisboa nas suas faces, modos de vida e paisagens. O projeto LITESCAPE.PT – Atlas das Paisagens Literárias de Portugal Continental, desenvolvido pelo Instituto de Estudos de Literatura e Tradição (IELT), em colaboração com o Instituto de História Contemporânea (IHC), ambos da NOVA FCSH, a Fabula Urbis e a Fundação Eça de Queiroz, reúne centenas de excertos literários sobre qualquer local do país, em particular Lisboa, classificados por autores, obras, temas e localização geográfica.
A aplicação do projeto, desenvolvida pelo NOVA LINCS da FCT/NOVA, usa essa base de dados para nos disponibilizar um mapa interativo onde é possível visualizar os excertos literários georreferenciados, construindo, desta forma, a paisagem literária do país.
Créditos da imagem: Nuno Pires Soares.