A inauguração da Avenida da Liberdade em 1886 retirou protagonismo ao anterior Passeio Público, na literatura do século XX.
Descer a Avenida ou “fazer a Avenida” passou a ser um percurso comum dos lisboetas. Palco de passeios a pé ou de automóvel, ocasiões festivas e protestos políticos, foi também representada na literatura em diversas facetas, como exemplificam Ana Isabel Queiroz e Daniel Alves, investigadores da NOVA FCSH, no livro Lisboa, Lugares da Literatura (2012, editora Apenas).
“Na terça-feira deitam até à Avenida, horas em pé a ver passar as máscaras, os carros enfeitados (alguns são lindos!), os cavaleiros à ribatejana, as batalhas de confetti, de flores (…)” – é assim descrita a Avenida num dia de Carnaval por José Rodrigues Miguéis, em A Escola do Paraíso (1960).
Os amigos de Notícia da Cidade Silvestre (1984), de Lídia Jorge, também descem a Avenida, depois de terem ido “comer fora”, e observam as árvores que se iam livrando das folhas naquele dia de Outono.
O Cine-Teatro Tivoli, inaugurado em 1924, traz movimento à Avenida: “Era a hora de saída dos cinemas. A porta do Tivoli despejava uma onda humana”, refere Leão Penedo, em A Raiz e o Vento (1953). Já Fernando Namora alude, em Rio Triste (1982), às entradas policiais no Parque Mayer, inaugurado em 1922, para detetar “chulos e vadios”.
Explore a aplicação Atlas das Paisagens Literárias de Portugal Continental, desenvolvido pelo IELT – Instituto de Estudos de Literatura Tradicional da NOVA FCSH, para ler excertos literários de obras onde a Avenida da Liberdade e outros locais de Lisboa são referenciados.
Legenda da imagem: Avenida da Liberdade no suplemento 438 da “Mala da Europa” (1894-1898), revista impressa em Portugal, mas destinada ao Brasil.