É apontado como o fundador do movimento surrealista português em finais dos anos de 1940. Tudo começou no café “A Cubana”, que ocupava o prédio da Avenida da República, 37.
A obra de Alexandre O’Neill (1924-1986) é situada entre dois movimentos literários do pós-guerra: o surrealismo e o experimentalismo. O poeta descobriu o surrealismo em 1945, quando conheceu Mário Cesariny, no café lisboeta “A Cubana”. Em outubro de 1947, fundou com Cesariny e outros artistas, como José-Augusto França, João Moniz Pereira e António Domingues, o Grupo Surrealista de Lisboa, no qual teve a possibilidade de “escrever, pintar, desenhar colectivamente, rompendo com o individualismo progressista-burguês” (A Marca do Surrealismo, Quaderni Portoghesi, 1978), cita Sara Lacerda Campinho na sua tese de mestrado em Estudos Portugueses da NOVA FCSH (2011).
Em 1949, participa na primeira e única exposição do Grupo Surrealista de Lisboa, inaugurada a 19 de janeiro, no último andar do n.º 25 da Travessa da Trindade. Apresentou cinco obras, mas apenas restaram duas peças: a colagem A Linguagem, atualmente no Museu do Chiado, e o romance-colagem A Ampola Miraculosa, datado de 1948 e publicado nos Cadernos Surrealistas. Ambos têm nítidas influências do surrealista Max Ernst.
No seu primeiro livro de poemas, publicado três anos depois, O’Neill admite ter abandonado o surrealismo por este se ter tornado um movimento académico e organizado, pondo em causa o conceito radical de libertação total do homem, essência do surrealismo Bretoniano.
Sabia que, não conseguindo viver da poesia, Alexandre O’Neill se dedicou à escrita publicitária a partir de 1959? Como copywriter, é autor do célebre slogan “Há mar e mar, há ir e voltar”.
Legenda da imagem: colagem “A Linguagem”, patente no Museu do Chiado. Créditos: Museu do Chiado.