Conhecer a majestosa estação do Rossio

No dia 18 de maio de 1890 era inaugurada uma das mais emblemáticas estações de Lisboa, na Praça dos Restauradores: a estação do Rossio. O projeto para a sua construção partiu da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, uma empresa que marcou o progresso do país no século XIX.

A Companhia Real de Caminhos de Ferro Portugueses teve um papel marcante no país e em Lisboa no século XIX, não só pela ligação sobre carris do interior de Portugal e do país para o resto da Europa, como pela expansão do telégrafo e a melhoria do sistema de correios no país. Ângela Salgueiro, investigadora do Instituto de História Contemporânea (IHC) da NOVA FCSH, na sua tese de mestrado em História (2008), analisa o contexto histórico e económico e as construções desta Companhia, desde 1859 até 1891.

A estação do Rossio foi projetada e edificada com o intuito de substituir a estação de Santa Apolónia. A ideia da Companhia Real da Companhia de Ferro Portugueses era a de transferir a centralidade da estação de Santa Apolónia para o coração da cidade, no que diz respeito ao “tráfego de passageiros e mercadorias de grande velocidade”, aponta a investigadora.

Na construção do ramal que iria ligar Lisboa à vila de Cascais, ficou estabelecido que as ligações entre Cascais e a linha de Sintra e Torres Vedras iriam passar pela estação do Rossio. Os custos adicionais para a edificação desta estação foram ligeiramente avultados. Houve uma “discussão acesa”, escreve Ângela Salgueiro, porque os empreiteiros sugeriram um projeto mais simples, sendo recusado pelo Conselho por não estar à altura da intenção da Companhia. Chegou-se a acordo e o espaço ajardinado deu lugar ao túnel e à estação de comboios do Rossio.

O projeto ficou a cargo do engenheiro Cândido Xavier Cordeiro e o túnel do Rossio foi inaugurado em abril de 1889. Foi noticiada na Gazeta dos Caminhos de Ferro de Portugal e Hespanha (n.º 27, 16 de Abril de 1889) menciona a investigadora na sua tese de mestrado:

Está inaugurada a grande obra de arte que, ao mesmo tempo que é um arrojo mais da nossa engenharia, representa uma belleza e uma commodidade para a nossa capital. (…) O tunnel acha-se no mais perfeito estado de construcção, largo, espaçoso, ventilado, promettendo ser um dos maiores attractivos á viagem em caminhos de ferro, no nosso paiz. A sua construcção começou em 25 de junho de 1887 pela abertura dos poços (…) A bocca de entrada é, como se sabe, junto da calçada da Gloria, formando um duplo tunnel na extensão de 27 metros, e seguindo depois em um só arco por debaixo da cidade (…)

Apesar de a Companhia Real de Ferro Portugueses entrar na bancarrota após 1891, esta foi muito importante para o progresso do país, porque “surgiu um conjunto de obras emblemáticas da arquitetura ferroviária portuguesa e da própria cidade de Lisboa, construídas com o intuito de prestigiar e enaltecer a própria Companhia, como são o túnel e a estação do Rossio”, afirma a investigadora.

Fotografia:  Estação do Rossio, 1949. Arquivo Fotográfico de Lisboa

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Ana Sofia Paiva
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