As ruínas do Teatro Romano de Lisboa testemunham a própria evolução do espaço cénico, desde os tempos gregos à apropriação romana.
Descobertas a um passo do Castelo de São Jorge, na encosta sul, as ruínas do teatro romano de Lisboa têm sido objeto de escavações arqueológicas desde 1967. Além de levantarem o véu sobre o modo de vida lisboeta, são exemplo da evolução do edifício cénico grego para a tipologia romana.
O edifício foi construído “ao modo grego”, segundo o historiador de arte da NOVA FCSH, M. Justino Maciel, neste artigo (2006). A bancada voltada para o rio Tejo e as inscrições em grego num baixo-relevo com a musa da Tragédia, Melpómene, simbolizam essa marca helenizante. A estrutura romana é visível nos pilares e na estrutura do palco, da orchestra (numa estrutura semi-circular) e do púlpito.
As ruínas indiciam também a adaptação da sua orchestra a espetáculos aquáticos, dado que o hiposcénio (parte da frente do palco) foi revestido com um tipo de pavimentação próprio de zonas em contacto com a água. A transformação da orchestra em colymbetra (piscina) é um dos exemplos da intervenção romana: a mudança de gostos e mentalidades levou a população a preferir espetáculos aquáticos, como danças, jogos de natação e representações de mitologia marinha às clássicas festas religiosas.
Sabia que…
- O teatro foi construído no século I, no tempo do imperador romano Augusto?
- Foi abandonado no século IV e permaneceu soterrado até 1798, ano em que as ruínas foram postas a descoberto após o terramoto de 1755?
Legenda da imagem: ruínas do Teatro Romano de Lisboa. Créditos: Câmara Municipal de Lisboa.