Notáveis das Portas de Santo Antão: a Sociedade de Geografia

Criada em 1875 com o fim de promover e auxiliar o estudo e progresso das ciências geográficas e correlativas em Portugal, a Sociedade de Geografia de Lisboa trouxe à Rua das Portas de Santo Antão o prestígio de uma instituição científica, lado a lado com os espetáculos populares do Coliseu.

Foi com alguma perplexidade que a opinião pública lisboeta viu a instalação da Sociedade de Geografia de Lisboa, em 1897, no mesmo edifício que dava acesso ao Coliseu dos Recreios. A imprensa tentou reduzir o “impacto bizarro que a coexistência destes dois usos poderia criar na opinião pública” e explicar ao público que o novo edifício, pelas suas características arquitectónicas, nada tinha que ver com um circo, conta Manuel Villaverde na sua tese de mestrado em História Contemporânea da NOVA FCSH (1997), intitulada “A Evolução de Lisboa e a Rua das Portas de Santo Antão (1879-1926)”.

Antes de se fixar na Rua das Portas de Santo Antão, a Sociedade de Geografia tinha passado por locais provisórios, o penúltimo dos quais um palacete na Rua das Chagas. Contudo, o Museu Colonial, uma das criações da Sociedade, carecia de um espaço maior. Goradas as expetativas de uma sede própria, acabou por se instalar no edifício que servia de fachada ao Coliseu, projetado por Cesare Ianz, arquiteto italiano de origem austríaca.

A nova sede da Sociedade de Geografia de Lisboa era frequentada em grande parte pelas elites nacionais: o salão nobre, onde está instalado o Museu Colonial, queria-se mais ou menos vazio, desafogado, ao contrário da sala do Coliseu, que se desejava totalmente cheia.

Explore aqui outros notáveis da Rua das Portas de Santo Antão: o Ateneu Comercial de Lisboa, o Coliseu dos Recreios, a Sociedade de Geografia de Lisboa e o Teatro Politeama.

Legenda da imagem: a Rainha Dona Amélia preside à sessão para distribuição de prémios, promovida pelo instituto de Socorros a Náufragos, na Sociedade de Geografia, em 1910. Fotografia de Joshua Benoliel (Arquivo Fotográfico de Lisboa).

Escrito por
Dora Santos Silva

Professora do Departamento de Ciências da Comunicação da NOVA FCSH. Coordenadora editorial do +Lisboa.

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