A que soa o bairro da Mouraria?

Os sons de um bairro estruturam as experiências nos seus espaços públicos.  Quem o diz é Iñigo Sánchez, investigador da NOVA FCSH, que  explorou o impacto do recente programa de requalificação urbana da Mouraria no seu ambiente sonoro.

Entre 2011 e 2013, o bairro histórico da Mouraria foi alvo de um processo de renovação urbana, promovido pela Câmara Municipal de Lisboa, no valor de 12 milhões de euros. O Largo da Severa, a Praça do Martim Moniz e o Largo do Intendente abriram-se aos turistas e aos novos habitantes do bairro, com novas infraestruturas culturais e sociais. Iñigo Sánchez, musicólogo da NOVA FCSH, parte destes três espaços icónicos para analisar neste artigo (2015) as transformações do ambiente sonoro na Mouraria a par e passo do seu processo de revitalização urbana.

No primeiro caso, o fado esteve no centro de iniciativas para conferir novamente à Mouraria o estatuto de bairro fadista. Foram promovidos roteiros musicais, atuações ao ar livre e exposições dedicadas ao fado. A casa onde viveu a fadista Maria Severa foi transformada, em 2013, numa casa de fados e o Grupo Desportivo da Mouraria criou a primeira escola de fados do bairro.

Na Praça Martim Moniz, a instalação do Mercado da Fusão transformou o local num espaço cosmopolita, turístico e cultural. Apropriando-se da diversidade étnica e cultural já existente na zona, o projeto passou a privilegiar a world music – do soul ao reggae ou fusion – que anima diariamente ainda hoje o mercado.   As sessões de DJ e as atuações musicais ao vivo contribuíram para colocar o Mercado da Fusão e a Mouraria nas rotas de lazer da cidade, sublinha o investigador.

O Largo do Intendente, outrora cenário de prostituição, tráfico de droga e habitação deteriorada, sofreu uma transformação radical. A zona de estacionamento foi convertida numa praça aberta, centralizada por uma instalação da artista plástica Joana Vasconcelos, e ladeada pel’A Vida Portuguesa, loja de produtos vintage portugueses, a Casa Independente, um espaço que funciona como café, sala de concertos, clube noturno e espaço para atividades culturais, a própria sede da Câmara Municipal de Lisboa e algumas esplanadas. Inaugurada em junho de 2012, a nova praça é hoje palco regular de concertos, embora o investigador sublinhe que a sonoridade desta zona ainda está a definir-se.

Escrito por
Dora Santos Silva

Professora do Departamento de Ciências da Comunicação da NOVA FCSH. Coordenadora editorial do +Lisboa.

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