Duas figuras deitadas. Uma feminina, adormecida; outra masculina, acordada a olhar a sua amada, com uma lamparina na mão. Quem são estas personagens representadas num vitral de Almada Negreiros? Uma investigação da NOVA FCSH desvenda o mistério que dividiu tantas opiniões.
Em março de 1934, Almada Negreiros insurge-se contra o uso da arte como propaganda dos regimes fascistas, numa altura em que os artistas, por falta de rendimentos, respondiam a encomendas do Estado Novo.
Exibiu pela primeira vez em 1913 a sua veia modernista com a Symphonia Camoneana. Ruy Coelho viria a ser autor de bailados como A Princeza dos Sapatos de Ferro e O Sonho da Princesa na Rosa, em colaboração com o ex-líbris do modernismo, Almada Negreiros.
No Natal de 1917, os ballets russes chegam a Lisboa e deixam uma marca no modernista português que inspirou gerações de artistas.
A 13 de outubro de 1917, há precisamente um século, os jornais portugueses anunciavam a vinda dos Ballets Russes a Lisboa. Almada Negreiros ficou tão entusiasmado que, no dia seguinte, escreveu um manifesto sobre a companhia de bailado e um dia depois aludiu, noutro texto, à ação da guerra sem saber que vinha aí a Revolução de Outubro na Rússia.
O que Almada Negreiros pintou nas gares marítimas de Lisboa desafiou a imagem mitificada do Portugal salazarista. As objeções estéticas colocadas ao mais alto nível não disfarçaram a desconfiança política, revela uma investigação em História da Arte da NOVA FCSH.
Rosto esguio, óculos redondos e bigode mínimo. Em 1954, Almada Negreiros executa O Retrato de Fernando Pessoa para o restaurante Irmãos Unidos, na Praça do Rossio, n.º 110, frequentado pelos colaboradores da célebre revista Orpheu. O quadro tornou-se o ícone de Pessoa e da modernidade em Almada.