Teatro em Lisboa: a revolução oitocentista

Sinónimo de educação e uma arma contra os “malefícios da taberna”, o teatro nacional viveu no século XIX uma das maiores reformas nacionais, em particular no cenário lisboeta.

Foi com Almeida Garrett (1799-1854) que esta reforma se concretizou. Além de ser considerado um dos maiores dramaturgos portugueses, Garrett foi encarregue no Governo de Passos Manuel, e na sequência da revolução de 9 de setembro de 1936, de repensar o teatro português a todos os níveis – da formação dos atores ao modelo e repertório dramatúrgico nacional.

Em 1836, durante o reinado de D. Maria II, é fundado o Conservatório Geral de Arte Dramática, na Rua dos Caetanos, no Bairro Alto, e o Teatro Nacional, que funciona provisoriamente no Teatro da Rua dos Condes. Só dez anos depois, a 13 de abril, seria inaugurado o Teatro Nacional D. Maria II, no edifício atual, na Praça do Rossio, durante as comemorações do 27.º aniversário da rainha. No mesmo ano, Almeida Garrett torna-se o primeiro inspetor-geral da Inspecção-Geral dos Teatros, hoje Inspecção-Geral das Atividades Culturais (IGAC). A primeira lei a regulamentar a propriedade intelectual seria publicada em 1851.

Em 1871, existiam oito teatros para cerca de 200 mil lisboetas, descreve Ricardo Esperanço na sua tese de mestrado (2013) em Estudos Portugueses da NOVA FCSH, no capítulo dedicado ao teatro oitocentista lisboeta. Três deles tinham sido construídos no século XVIII: o Teatro da Rua dos Condes, em 1761 (que passaria a cinema no século XIX); o Teatro do Salitre, na rua com o mesmo nome, construído em 1792 e demolido em 1879; e o Teatro de S. Carlos, inaugurado em 1792, no Chiado.

Só entre 1846 e 1870, tinham sido criadas cinco novas salas: o Teatro D. Maria II; o Teatro Ginásio, em 1846, na Rua Nova da Trindade (hoje é o centro comercial “Espaço Chiado”); o Teatro do Príncipe Real, em 1865, na esquina da Rua da Palma (demolido em 1957); o Teatro da Trindade, em 1867, no Largo da Trindade; e o Teatro Taborda, em 1870, na Costa do Castelo.

As salas de espectáculos destes tempos são descritas pela princesa Rattazzi, escritora francesa e bisneta do Imperador Napoleão I, ficcionada na obra A Primeira Confessada, de Gervásio Lobato. Em visita a Lisboa por volta de 1870, a princesa sublinha o foyer encantador do D. Maria II, a elegância do Teatro do Ginásio e o modelo de salas francesas do Teatro da Trindade; outros não merecem tantos elogios, como o Teatro da Rua dos Condes, “uma ruína arqueológica”.

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