Foi apenas a partir dos anos de 1970 que a escultura começou a ser pensada e criada em função do espaço urbano que iria ocupar. Nasciam assim as primeiras peças de arte pública em Lisboa numa simbiose com o meio.
O vínculo do espaço à obra só ganhou relevância para a arte pública lisboeta a partir dos anos de 1970, aproximando-se, muitas vezes, da própria arquitectura do espaço urbano, afirma Margarida Brito Alves, investigadora da NOVA FCSH. As propostas Sem Título (1975) na Avenida dos Combatentes, e a Coluna da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (1976), da autoria de Fernando Conduto, procuram estabelecer uma relação com a envolvente urbana.
As esculturas Ad Ephemeram Gloriam (1980), localizada no topo da Alameda D. Afonso Henriques, e A Oliveira (1990), implantada numa zona arborizada de Olivais-Sul, da autoria de Sam (Samuel Torres Carvalho), são também exemplos da função social e urbanística da arte pública apontados no artigo desta investigadora.
As iniciativas de arte pública levadas a cabo no contexto da Expo 98 merecem o destaque da investigadora pelo afastamento do registo celebrativo e monumental; contudo, afirma que a articulação entre a obra e o contexto permaneceu por explorar. São exceções o Jardim das Ondas e os Jardins da Água, propostas de Fernanda Fragateiro em colaboração com o arquiteto paisagista João Gomes da Silva, situados na zona ribeirinha do Parque das Nações.
Sabia que muitas esculturas que vemos por Lisboa eram “esculturas portáteis”, mudando muitas vezes de lugar? A Neptuno (1771), de Joaquim Machado, originalmente colocada no Chiado, foi deslocada quatro vezes até se fixar no Largo da Estefânia.
Legenda da imagem: A Oliveira (1989-1990), de Sam (Samuel Torres de Carvalho). Fotografia de Margarida Brito Alves.