Animais de estimação: muito mais do que amigos de quatro patas

Que relação têm as famílias lisboetas com os seus animais de estimação? Uma tese de mestrado em Sociologia confirma que as famílias consideram os cães e gatos parte do agregado familiar e que a própria rotina é alterada em função deles.

O conceito de “animal de estimação” pode incluir répteis, mamíferos ou insetos, se forem domesticáveis pela pessoa; porém, as famílias lisboetas reconhecem que o tipo de relação que têm com cães ou gatos não é a mesma pela capacidade de estes se tornarem companheiros e amigos. Esta é apenas uma das conclusões que Vanessa Martins partilha na sua tese de mestrado em Sociologia (2018) da NOVA FCSH, onde procurou perceber, através de entrevistas a famílias em Lisboa e da observação etnográfica, o papel que os animais de estimação têm lá em casa.

Um amigo para brincar, uma companhia doméstica e uma ajuda no desenvolvimento de competências sociais são as três principais vantagens em ter destes animais. Por outro lado, a higiene, as despesas de saúde e a necessidade de comprar rações específicas foram as três desvantagens mais referidas pelos entrevistados.

Os motivos que levam uma família a ter um animal de estimação também se relacionam com o companheirismo. Há quem o adquira para “substituir” alguém e ter companhia; outras famílias acolheram os animais por estarem na rua ou em situações de abandono. A investigadora identificou também casos em que o animal foi uma prenda de Natal ou de aniversário que o recetor não rejeitou porque a oferta foi feita por alguém próximo.

Uma das principais premissas desta investigação é a humanização do animal. Há uma comunicação especial e própria entre o dono e o animal; “é normal o ato de cumprimentar os animais quando se entra em casa, ou chamá-los, mas também [são chamados] quando estes fazem algo desagradável”, salienta Vanessa Martins. A rotina também muda: as pessoas não saem à noite se o animal já passou grande parte do dia sozinho e abdicam do tempo social para estar com ele, acrescenta.

Todas as famílias lisboetas deste estudo consideram o animal de estimação um elemento familiar e mencionaram-no quando a investigadora as questionou sobre o agregado familiar. “Eu tenho quatro gatos, vivo com os meus quatro gatos e os meus quatro gatos são… são a minha família”, pode ler-se numa das entrevistas.

Em casos mais diretos, há quem considere o animal como um filho, usando a palavra “mãe” e não “dona”, uma postura mais frequente nos adultos de idade mais avançada.

Enquanto elemento da família, o animal é valorizado pela sua amizade. “É um parceiro para entreter, brincar com as crianças, que está presente nos bons e nos maus momentos enquanto companheiro, que ouve os desabafos do dono e que tem paciência para aturá-lo”, conclui Vanessa Martins.

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