Belém: turistas preferem ar livre às filas em museus

Não são só os típicos pastéis de Belém que atraem os turistas àquela zona. Uma tese de mestrado em Museologia da NOVA FCSH conclui que os turistas percorrem os monumentos ao ar livre desta zona para evitar filas nos museus, principalmente as do Mosteiro dos Jerónimos.

“Majestosa”, “histórica”, “cultural”, “monumental”, “única” e “museológica”. Estas são as palavras que definem a zona turística de Belém, na opinião de responsáveis das instituições culturais deste local, entrevistados  para a tese de mestrado (2013) em Museologia da NOVA FCSH de Maria Teresa Abreu.

Para uma investigação sobre o potencial turístico da freguesia mais ocidental de Lisboa, Maria Teresa Abreu analisou o volume de visitas a monumentos e a museus e  entrevistou as respetivas entidades responsáveis , de forma a perceber como o turismo pode ser potenciado e melhorado.

A Praça do Império é o centro da zona turística. Como refere a análise, os museus, monumentos e jardins que a compõem dispersam-se por uma área de fácil acesso, não distando da Praça do Império, em linha reta, mais do que 1200m. Isto confere à zona de Belém uma panóplia de oferta cultural centrada e de fácil acesso.

O Mosteiro dos Jerónimos, o Museu Coleção Berardo e a Torre de Belém foram os locais culturais mais visitados entre 2008 a 2012. Os dois primeiros, nestes cinco anos de análise, tiveram três milhões e 400 mil visitantes, com o Museu Berardo a registar quase um milhão de visitantes em 2010, num ano em que ainda era de acesso gratuito. A Torre de Belém, por seu turno, registou 480 mil visitas anuais.

Através dos números de visitantes e dos inquéritos a profissionais de algumas instituições culturais – museus e monumentos -, Maria Teresa Abreu conclui: “O novo turista de Belém parece não frequentar tanto os museus”. A razão é mais simples do que parece: o turista apressado dos nossos dias não quer perder tempo para tirar um bilhete. Como refere, “o congestionamento frequente na aquisição de bilhetes provoca incómodo e desinteresse na visita ao Mosteiro dos Jerónimos. Mas logísticas simples poderão melhorar esta situação”.

 A autora apresenta ideias para a melhoria dos equipamentos e consequente turismo na zona, através da análise das respostas dos seus intervenientes: manter limpo o espaço exterior da Torre de Belém limpo; promover Belém nos mercados externos; incluir num circuito temático “o render da Guarda” no Palácio de Belém tal como a visita ao jardim e ao Museu da Presidência da República.

Dos 213 inquiridos pela autora (150 estrangeiros e 63 portugueses), o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém – ambos classificados como Património Mundial da Humanidade, em 1983 – e o Padrão dos Descobrimentos são os espaços culturais mais visitados da zona. Este resultado vai ao encontro das conclusões do “Inquérito às Atividades dos Turistas e Informação. Região de Lisboa 2012”, indica Maria Teresa Abreu.

Imagem: Naval S.

Escrito por
Ana Sofia Paiva
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